sábado, 7 de junho de 2008

NOVO ÓRGÃO TRAZ QUALIDADE DE VIDA

Costuma-se dizer que, nas horas difíceis, o ser humano começa a dar valor aos pequenos detalhes da vida. Beber água, por exemplo, é uma ação rotineira praticamente despercebida à lembrança das pessoas. Dificilmente alguém irá dizer: “Ah! Ontem, eu saí com meus amigos, fui ao cinema, jantei em uma churrascaria e tomei oito copos d’água”. Mas o veterinário Jurandir Manso, 66 anos, trata o assunto com muita satisfação. Até 2005, tudo era na base do ‘sistema conta-gotas’. “Um ou dois ‘dedinhos’ a cada não sei quantos dias”, relembra. A doença renal crônica retinha todo líquido no organismo. Os rins já não eram mais capazes de exercer a função de eliminar substâncias, filtrar o sangue e regular a entrada de sal e água. Seria necessária uma drenagem para eliminar o conteúdo indesejável ao organismo. O transplante, no entanto, transformou os estiados pingos em fartura. De posse do novo órgão, Jurandir matou a sede. “Foi uma garrafa inteira. Nunca me esqueço”, deleitou-se.
É bem verdade que o longo tempo de jejum desacostumou o organismo de Jurandir ao líquido. Mas a tristeza e a agonia da privação, aliada às constantes queixas de dores e às horas intermináveis nas sessões de hemodiálise, que fez o veterinário se autoclassificar como um ‘morto-vivo’, foram embora. Hoje, há espaço para a garrafa d’água goela abaixo, o suco após as freqüentes caminhadas na praia, as ‘cervejinhas’ com os amigos e um dia-a-dia mais feliz e saudável. A espera na fila da Central de Transplantes não durou muito. “Uma amiga da minha esposa demonstrou extrema solidariedade para salvar minha vida e cedeu um dos seus rins”, disse. Existem três tipos de tratamento para as enfermidades nos rins em estágio avançado. A hemodiálise promove a retirada das substâncias tóxicas, água e sais minerais do organismo através da passagem do sangue por um filtro. Ao invés de utilizar o material artificial para ‘limpar’ o sangue, a diálise peritoneal utiliza o peritônio - membrana localizada no abdômen. “Ao contrário de ambas as terapias substitutivas e contínuas, o transplante é o procedimento que traz ao paciente qualidade de vida mais próxima do normal. A dieta é mais flexível, a pessoa possui condições de retomar os trabalhos habituais e não despende o tempo médio de quatro horas, três vezes na semana, em uma hemodiálise”, afirmou a nefrologista Ângela Santos, diretora da Unidade Nefrológica (Uninefron) - clínica situada no Recife e especializada no atendimento a portadores de doenças renais agudas e crônicas.
Outro ponto citado como qualitativo pela diretora da Uninefron, em relação ao transplante, é a contenção de gastos. Tanto para o paciente: “O funcionamento regular do novo órgão permite a reabilitação socioeconômica e diminui as despesas com tratamento”, afirma Ângela Santos. Quanto para o Ministério da Saúde: em média, os custos com o tratamento dos mais de dois milhões de pacientes renais no Brasil consomem, anualmente, R$ 2,5 bilhões dos cofres públicos, sendo R$ 1,5 bilhão destinado aos procedimentos de diálise. A Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN) chama a atenção da população quanto ao diagnóstico: 60% não sabem que possuem a doença e, quando descobrem, a função renal não pode ser recuperada.
Matéria Veiculada na Folha de Pernambuco (18/05/2008)
RODOLFO BOURBON

Um comentário:

Por um mundo melhor disse...

coisa muiuto linda que voces faz
cotinue a sim a judando que precisa
muito lindo fica com deus