terça-feira, 28 de outubro de 2008

II PASSEATA DOE VIDA!!! Foi um SUCESSO TOTAL! Sua ''Energia Positiva'' Foi Fundamental. Obrigado de Coração - 27/09/2008




























Cristina Amaral
























































































































































































































































































































































































































































































































































domingo, 8 de junho de 2008

ESPERANÇA EM UM TELEFONEMA



Nesta última matéria da série sobre os transplantes no Estado, iniciada no domingo, a Folha mostra como a esperança é importante para o doente conseguir suportar a dor de se manter na fila de espera de um órgão e superar a angústia de aguardar por um único telefonema. Confirmando o essencial papel da fé em todo este processo, religiões se mostram favoráveis a doação de órgãos, confortando e apoiando os pacientes que vão de encontro aos desanimadores números relacionados aos transplantes em Pernambuco. O telefone toca. “Alô!”, diz uma voz ansiosa do outro lado da linha. Identificação e razão do contato são repassadas pela reportagem da Folha de Pernambuco. Repentinamente, o silêncio. Segundos depois, a confissão. “Perdão, amigo. As únicas pessoas que possuem esse meu número exclusivo de celular são os funcionários da Central de Transplantes (CT-PE). Pensei que tinham encontrado um doador. Meu coração está ‘pulando’ pela boca”, revela o entrevistado. Comparado ao tempo de espera de outros pacientes, o trabalhador autônomo Alexandre Gonzaga da Silva, de 46 anos, é quase um novato na fila única que aguarda um coração: entrou na lista em 29 de novembro do ano passado. Talvez isso explique a agitação e o otimismo. “Pensar na morte não adianta. Eu quero é viver”, brada.
O comportamento do trabalhador autônomo diverge do ‘complexo do vira-lata’. Na última sexta-feira, durante o 1ø Simpósio de Transplante de Fígado do Nordeste, realizado no Recife, o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, utilizou a expressão em associação ao comportamento dos brasileiros, que, segundo o chefe do ministério, vive sempre na base do “está bom, mas poderia ser melhor”. A afirmação foi uma referência à incredulidade do povo em relação aos “avanços na saúde pública”. É bem verdade que Alexandre almeja se livrar da ‘vida de cão’. Mas, enquanto o corpo não atende aos anseios, a mente é a responsável por trazer alegria a um dia-a-dia de limitações e penúrias e a um passado com o registro de dois infartos, uma angiopatia, um aneurisma, uma cirurgia e três processos de cateterismo. “Não fico reclamando. Prefiro agir e conservar energia positiva e paz de espírito”, declara.
A ação referida por Alexandre se dá por meio de realização de palestras em escolas e organização de passeatas em prol da sensibilização sobre a importância da doação de órgãos e tecidos. “Mesmo quando eu conseguir meu coração, continuarei promovendo as atividades, no intuito de salvar outras vidas”, garante. No livro Psicologia Hospitalar, a autora Kátia Cristine cita que, quer o paciente aceite ou não, ele terá que se prontificar a reestruturar a vida diante do desafio da doença. A aceitação do problema e o enfrentamento, continua a psicóloga, são vitais para a permissão de ser ajudado.
Outra forma de evitar a insatisfação caracterizada pelo ‘complexo do vira-lata’ é a prática de terapias alternativas. O empresário Sérgio Almeida, 47 anos, freqüenta sessões periódicas de Yoga - atividade ancestral, de origem indiana, que visa objetivos diversos, tais como auto-conhecimento, equilíbrio entre corpo e mente e saúde. “Decidi ingressar na filosofia oriental quando estava na fila de espera por um rim. Desde então, minha vida ganhou novo sentido e eu consigo superar as barreiras e o estresse da condição imposta pelas debilidades do organismo”, pondera.










Matéria Veiculada na Folha de Pernambuco (20/05/2008)





RODOLFO BOURBON

sábado, 7 de junho de 2008

DOAÇÃO ESBARRA EM OBSTÁCULOS

Subnotificação de morte encefálica, decréscimo de doações, elevados custos de tratamento, carências estruturais, ausência de centros para certos tipos de transplante. A lista de deficiências do sistema de transplantes em Pernambuco avança - assim como a fila de pessoas que depositam esperança de sobrevivência em um novo coração, rim, fígado ou outro órgão. Dando continuidade à série de reportagem iniciada ontem, e que se encerra amanhã, a Folha aborda perdas possivelmente reversíveis a partir de planos e tentativas de ampliação de atendimento no Estado. Poderia. Tempo passado do verbo poder que, entre as múltiplas definições do dicionário, significa chance. Debruçando-se em dados da Central de Transplantes de Pernambuco (CT-PE), dá para notar que, a partir de um plano de metas e ações, a vida de muitas pessoas poderia ser salva. Quase um terço das causas das doações de órgãos e tecidos não serem concretizadas está relacionada à ausência do diagnóstico de morte encefálica do doador. Uma média de 23% das famílias se recusa a autorizar o médico a retirar os órgãos do doador, por motivos como desconhecer a vontade do falecido perante a questão.
Casos de contra-indicação médica para a retirada do órgão resultam em 8% do não aproveitamento. Algumas das razões para o descarte são as constatações de infecção ativa e sorologia positiva para doenças como Aids e hepatite. Pouco mais de 20% da perda está ligada a motivos diversos, como ausência ou atraso da família para autorizar o procedimento, bem como vencer a barreira da burocracia. O passar do tempo explica também a parada cardiorrespiratória dos pacientes com morte encefálica comprovada. Quando a vítima está nesse estágio de óbito cerebral, o estado é irreversível, mas o coração continua batendo e a respiração é mantida por aparelhos. Por falta de disponibilidade de sala cirúrgica - já que os vivos têm prioridade e, caso necessitem do leito de emergência, a operação de retirada é interrompida -, perde-se 14% dos doadores.
Outro obstáculo diz respeito aos custos. Para adiar a parada cardíaca e conservar o funcionamento dos órgãos, o coração deve ser mantido por medicamentos, o pulmão atua graças aos aparelhos e o corpo é alimentado por via endovenosa (por meio das veias). No mundo, a média dos registros de óbito cerebral nos pacientes de unidades de alta complexidade chega a 14%, enquanto em Pernambuco a estimativa é de apenas 3%. Embora os gastos sejam reembolsados pelo Ministério da Saúde e os centros transplantadores do Estado estejam inscritos no Sistema Único de Saúde (SUS), a realidade ainda é desfavorável. “Faz mais de dez anos que a tabela de preços dos procedimentos de transplante não é reajustada”, assegurou a coordenadora da CT-PE, Cristina Menezes.
Realizado o diagnóstico de morte encefálica, surge uma nova etapa. Exames são feitos para avaliar a qualidade dos órgãos e tecidos e detectar possíveis enfermidades. Após a bateria de testes, verifica-se a lista de espera da fila única de transplantes. Os critérios de seleção do candidato podem ser de tempo de aguardo, riscos e compatibilidade. A conservação é outro passo. O tempo de sobrevida é de quatro a seis horas para coração e pulmão, até 48 horas para rim, de 12 a 24 horas para fígado e pâncreas, sete dias para córneas e até cinco anos para osso, pele e válvula cardíaca. Estimativas extra-oficiais, no entanto, apontam que 20% do produto final é perdido, por falhas de manutenção.
Matéria Veiculada na Folha de Pernambuco (19/05/2008)
RODOLFO BOURBON

NOVO ÓRGÃO TRAZ QUALIDADE DE VIDA

Costuma-se dizer que, nas horas difíceis, o ser humano começa a dar valor aos pequenos detalhes da vida. Beber água, por exemplo, é uma ação rotineira praticamente despercebida à lembrança das pessoas. Dificilmente alguém irá dizer: “Ah! Ontem, eu saí com meus amigos, fui ao cinema, jantei em uma churrascaria e tomei oito copos d’água”. Mas o veterinário Jurandir Manso, 66 anos, trata o assunto com muita satisfação. Até 2005, tudo era na base do ‘sistema conta-gotas’. “Um ou dois ‘dedinhos’ a cada não sei quantos dias”, relembra. A doença renal crônica retinha todo líquido no organismo. Os rins já não eram mais capazes de exercer a função de eliminar substâncias, filtrar o sangue e regular a entrada de sal e água. Seria necessária uma drenagem para eliminar o conteúdo indesejável ao organismo. O transplante, no entanto, transformou os estiados pingos em fartura. De posse do novo órgão, Jurandir matou a sede. “Foi uma garrafa inteira. Nunca me esqueço”, deleitou-se.
É bem verdade que o longo tempo de jejum desacostumou o organismo de Jurandir ao líquido. Mas a tristeza e a agonia da privação, aliada às constantes queixas de dores e às horas intermináveis nas sessões de hemodiálise, que fez o veterinário se autoclassificar como um ‘morto-vivo’, foram embora. Hoje, há espaço para a garrafa d’água goela abaixo, o suco após as freqüentes caminhadas na praia, as ‘cervejinhas’ com os amigos e um dia-a-dia mais feliz e saudável. A espera na fila da Central de Transplantes não durou muito. “Uma amiga da minha esposa demonstrou extrema solidariedade para salvar minha vida e cedeu um dos seus rins”, disse. Existem três tipos de tratamento para as enfermidades nos rins em estágio avançado. A hemodiálise promove a retirada das substâncias tóxicas, água e sais minerais do organismo através da passagem do sangue por um filtro. Ao invés de utilizar o material artificial para ‘limpar’ o sangue, a diálise peritoneal utiliza o peritônio - membrana localizada no abdômen. “Ao contrário de ambas as terapias substitutivas e contínuas, o transplante é o procedimento que traz ao paciente qualidade de vida mais próxima do normal. A dieta é mais flexível, a pessoa possui condições de retomar os trabalhos habituais e não despende o tempo médio de quatro horas, três vezes na semana, em uma hemodiálise”, afirmou a nefrologista Ângela Santos, diretora da Unidade Nefrológica (Uninefron) - clínica situada no Recife e especializada no atendimento a portadores de doenças renais agudas e crônicas.
Outro ponto citado como qualitativo pela diretora da Uninefron, em relação ao transplante, é a contenção de gastos. Tanto para o paciente: “O funcionamento regular do novo órgão permite a reabilitação socioeconômica e diminui as despesas com tratamento”, afirma Ângela Santos. Quanto para o Ministério da Saúde: em média, os custos com o tratamento dos mais de dois milhões de pacientes renais no Brasil consomem, anualmente, R$ 2,5 bilhões dos cofres públicos, sendo R$ 1,5 bilhão destinado aos procedimentos de diálise. A Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN) chama a atenção da população quanto ao diagnóstico: 60% não sabem que possuem a doença e, quando descobrem, a função renal não pode ser recuperada.
Matéria Veiculada na Folha de Pernambuco (18/05/2008)
RODOLFO BOURBON